sábado, 15 de janeiro de 2011

Corações partidos

Dores no peito e falta de ar. Calma. Não é um ataque cardíaco. Em 1990, cientistas japoneses descreveram o que denominaram de síndrome do coração partido. De lá para cá não se chegou a um consenso sobre as causas diretas. Há quem diga que é um enfarte que aborta a si mesmo, outros alegam problemas no músculo cardíaco, mas o mal quase nunca é fatal e passa com aspirina e remédios cardíacos.
A síndrome do coração partido foi descrita pela primeira vez por cientistas japoneses no início dos anos 1990 e tem os mesmos sintomas de um ataque cardíaco: dores no peito e falta de ar. A diferença é que ela parece ser temporária e totalmente reversível, se for tratada rapidamente.
O que desencadeia a síndrome? O de sempre. Situações emocionais extremas. Mas não é de hoje que tudo que nos acontece recebe logo a explicação mecânico-fisiológica. Ora, estas coisas se tratam com remédios, cirurgias e por aí ficamos. Em nova pesquisa, querem descobrir lesões naqueles que passaram pela síndrome. É possível que encontrem.
Os corações partidos, porém, são velhos conhecidos das pessoas, quem não o teve algum dia? Talvez não tenha sido estudado por nenhum cientista que o descrevesse com a dor causadora, porque esta, é impossível descrever, somente os poetas sabem fazê-lo. A aspirina curadora foi o tempo, a força divina, a determinação de seguir em frente a despeito de nossos mortos: pessoas e amores, decepções e sonhos frustrados.
         Talvez estejamos apenas mais frágeis, daí que um coração quebrado nos ameace a vida. Talvez, num mundo de intensa solidão, raridade de valores e gente com quem possamos caminhar, tenhamos nos tornado mais sozinhos e dependentes dos parcos recursos afetivos, daí que um coração partido nos desconjunte os ventrílocos.
A cura para corações partidos continua a mesma desde sempre, a prevenção. Esta se faz com regar a vida com significado, amar, perdoar, doar. Coisas que, em se fazendo, produzem jardins na alma. Um coração arraigado no terreno da verdade e do amor, estes agüentam qualquer tranco.

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